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Carreira: Meryl Streep [4]

Um talento que abraça o mundo

Um talento que abraça o mundo

Leia primeiro a Parte 1, a Parte 2 e a Parte 3.

Desde As Pontes de Madison, quando Meryl Streep provou que ainda tinha fôlego para encarar Hollywood de frente, a atriz vem interpretando papéis maduros que, talvez, sejam os melhores de toda a sua carreira ao lado de Sofia e Helen Archer. Ainda assim, desde 1983, Streep nunca mais recebeu Oscar algum. Alguns argumentam que o Oscar não é um prêmio para ser levado a sério, o que não encerra discussão, uma vez que a estatueta dourada é o prêmio de maior visibilidade mundial. Teria Meryl se tornado a eterna indicada, a competente atriz que produz belos trabalhos mas que nunca mais conseguiu alcaçar o ápice da interpretação? Ou a Academia teria apenas reconhecido que Streep já alcançou patamares lendários e que seria melhor agraciar outras atrizes com o prêmio? Deixo as questões para meus leitores. De todo modo, este último texto biográfico tentará mostrar que Meryl fez outros trabalhos dignos da estatueta e lançará a pergunta que encerrou o texto anterior: a crescente popularização desta atriz será seu crepúsculo?

Just Streep

Just Streep

Em 2002, Streep interpreta Susan Orlean no filme introspectivo Adaptação, ótimo papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante depois de 23 anos. Mas foi em As Horas, um dos melhores filmes da primeira década do novo século, que Streep nos entregou mais um papel primoroso, de uma profudidade que poucas atriz conseguiriam expressar. Clarissa é uma mulher frágil e poderosa, que nos brinda com uma pérola do cinema moderno: I remember one morning getting up at dawn, there was such a sense of possibility. You know, that feeling? And I remember thinking to myself: So, this is the beginning of happiness. This is where it starts. And of course there will always be more. It never occurred to me it wasn’t the beginning. It was happiness. It was the moment. Right then.

Em 2004, Meryl participa da adaptação Desventuras em Série, como a excêntrica Tia Josephine, personagem plana que ganha vida nas mãos de Streep. Subestimado, Desventuras é um belo e artístico filme, apesar da temática deveras juvenil. No mesmo ano, a atriz interpreta a vilã de Sob Domínio do Mal, Eleanor Shaw, que deixaria Miranda Priestley no chinelo. Também subestimado, o filme é um perturbante thriller político e, confesso, é o longa graças ao qual comecei a apreciar o talento de Meryl Streep. No ano seguinte, a mediana comédia Terapia do Amor nos lembra de seu talento para comédia, esquecido desde A Morte Lhe Cai Bem.

No ano de 2006, dois prodígios. Em A Última Noite, o belo e singelo último filme de Robert Altman, Meryl canta várias canções no mesmo longa, feito inédito e que revela seu talento para a música, que seria aproveitado em Mamma Mia! O fato é que, espalhados por diversos trabalhos, Meryl possui mais de trinta canções, das quais falarei separadamente em outra oportunidade. Em O Diabo Veste Prada, Streep dá vida a um novo ícone, a vilã-nem-tão-vilã-assim, Miranda Priestley, que a colocou denovo nas graças do grande público. O sucesso do filme garantiu uma nova geração de fãs para Meryl Streep, alçando-a à popularidade (talvez maior ainda) que possuía na década de 1980. A décima quarta indicação ao Oscar e uma de suas chances mais reais. Ficou só na chance, a estatueta foi para Helen Mirren.

Don, Meryl, Louisa

Don, Meryl, Louisa

Nos últimos dois anos, uma enxurrada de filmes. Em 2007, Fúria pela Honra, Leões e Cordeiros, O Suspeito e Ao Entardecer, nenhum deles de grande projeção. Em 2008, o mega fenômeno, o musical mais brega e mais animado da história, um paradoxo: Mamma Mia!, que trouxe outra leva de fãs à atriz. Também neste ano, Dúvida, um longa inteligente e bem montado e que lhe trouxe a décima quinta indicação ao Oscar. Para 2009, já esperamos Julie & Julia e It´s complicated.

Dois anos, oito filmes. Em poucas palavras, dentro da lógica de mercado, os estúdios perceberam que Meryl Streep ainda pode dar muito dinheiro. Só Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada renderam, juntos, quase um bilhão de dólares. Em época de crise, Streep é rendimento certo. Sorte dos fãs e das audiências de cinema, que podem continuar a apreciar o trabalho da maior atriz viva e quiçá da história de todo o cinema.

A grande questão que se coloca para o futuro é, mais uma vez: será a popularidade de Streep seu crepúsculo, seu respiro final? Afinal, é sabido que o grande público simplesmente enjoa de atores que dão muito as caras nas grandes telas. E quanto mais Streep se populariza, mais papeis mercadológicos acaba escolhendo, o que a distancia da excelência que lhe é devida. E agora, alguém se arrisca a opinar sobre estas questões?

Mais uma vez agradeço a todo o apoio do pessoal da comunidade Meryl Streep – Brasil. Abraços!

See you soon...

See you soon...

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Arquivado em Carreira