Arquivo do mês: agosto 2010

Crítica: UMA NOITE EM 67

Uma noite em 67

Uma tarde em 2010, um cinema com público modesto e um rapaz com absolutamente nenhum motivo especial para apreciar as canções da música popular brasileira, não fosse a mera coincidência de um dia ter podido se encantar com o poder de certas letras e melodias.  Falam do francês e do inglês como línguas de bela sonoridade, mas se esquecem da majestade que nossa última flor do Lácio é capaz de inspirar nas mãos de uns poucos artíficies espalhados pela música e pela literatura. Não se explica esse tipo de sentimento, quem gosta sabe.

Uma Noite em 67 retrata um período tido como dos mais criativos da música brasileira que convive com o torpor, que ainda nos ronda, de uma maioria alienada ou conivente da população. O público que apreciava a beleza das canções do Festival da Record era o mesmo que caminhava em paz para casa enquanto nos porões da ditadura o belo conhecia sua mais poderosa antítese. Haverá tal coisa como o espírito de um povo?

É até difícil analisar Uma Noite em 67 como documentário com os jovens Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Edu Lobo, Roberto Carlos, Rita Lee, entre outros, embalando canções que já são parte do imaginário nacional. As belas imagens conservadas pela TV Record, a apresentação integral das canções vencedoras, o público como personagem autônomo, às vaias ou aos aplausos, e as entrevistas sinceras com os artistas constróem uma experiência nostálgica e poderosa. Se o jovem que vos escreve esqueceu-se por um momento da ditadura militar e desejou voltar no tempo, aqueles que cresceram na época serão fisgados no coração pelo documentário. O formato é plano, mas quem se importa?

Uma Noite em 67 é obrigatório para aqueles que apreciam música popular brasileira e as histórias desse país. Aliás, o documentário poderia ser exibido em todas as escolas: ninguém é obrigado a gostar de MPB, mas todo mundo deve ter uma chance de se apaixonar por ela. Não perca!

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