Arquivo do mês: fevereiro 2009

Crítica: O LUTADOR (2008)

E aí, vai encarar um presuntinho?

E aí, vai encarar um presuntinho?

Não tenho idade suficiente para ter vivido o período em que Mickey Rourke era visto como uma grande promessa do cinema. Porém, com todo o barulho que fizeram sobre a “ressureição” do astro, com toda a exposição de sua trajetória de ascensão e queda, confesso que logo assistirei a seus filmes dos anos 1980. O Lutador aumentou ainda mais minha vontade.

Mickey Rourke vive Randy, um lutador que teve seus dias de glória nos anos 8o, mas que vive em franca decadência. Como se não bastasse, o cara ainda tem que enfrentar um coração fraco, fantasmas do passado e um possível amor com uma stripper que insiste em separar a vida pessoal da profissional, interpretada por Marisa Tomei. O filme não é autobiográfico, mas claramente dialoga com a própria trajetória de Rourke. O astro viveu o auge de sua carreira nos anos 80, entrou em acelerada decadência nos anos 90 e chegou a viver de favores, quase tão mal como Randy no filme. Depois de esfriar sua carreira como ator, participando apenas com pequenas pontas de diversos filmes duvidáveis, Mickey Rourke seguiu como lutador de Box, o que lhe rendeu várias fraturas e cirurgias plásticas no rosto, mudando-lhe a expressão e seus traços. Como Randy, Rourke sempre fora um valentão.

O ator concorreu ao Oscar de Melhor Ator merecidamente. Estou certo de que sua trajetória de vida e seus trabalhos passados influenciaram em sua escolha para a categoria, mas isso não desmerece sua atuação em O Lutador. Ao contrário, o tom de redenção que o personagem carrega é grandioso e o roteiro chega a compará-lo a Jesus Cristo. Rourke constrói cenas marcantes do ponto de vista emocional e do ponto de vista técnico, produzindo emoções verdadeiras na audiência, principalmente entre aqueles que conhecem a história do ator.

Evan Rachel Wood e Marisa Tomei também fazem um bom trabalho. Wood, que interpreta a filha de Randy, vem mostrando que é uma grande atriz com participações marcantes em filmes de pouca divulgação como Aos Treze e Correndo com Tesouras. Marisa Tomei também aparece segura nas telas e, além de tirar a roupa, faz um trabalho competente que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Quanto aos demais aspectos, a película tem aquele jeitão de independente e de baixo orçamento. Mickey Rourke nem foi pago para fazer seu papel e o filme foi adquirido pela Fox Searchlight no festival de Toronto. A filmagem é pontual e simples, mas muito competente. Em alguns momentos, o jogo de câmeras dialoga com a história, seguindo Rourke de trás, como se seguisse sua trajetória.

O Lutador é um bom filme, mas que tira muito de suas forças de seu ator principal. Rourke tam talento e sua história de Herói Decaído amplia a aura da película. Mesmo com as limitações técnicas de um filme de baixo orçamento, o roteiro e a direção criam situações marcantes e originais e se utilizam de alguns clichês que acabam esquecidos diante do resto da história que envolve a audiência. É, Randy, “os anos 90 foram uma merda”. Rourke não morreu nos ringues, agora vive nas telas. Resta saber até quando. 

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Impressões: CORALINE E O MUNDO SECRETO

"Vem com o papai no cinema, vem..."

"Vem com o papai no cinema, vem..."

Coraline é a versão cinematográfica da obra de Neil Gaiman, o mesmo que escreveu Stardust, também adaptado para a grande tela. Com excelentes qualidades técnicas e alguns elemtentos reflexivos, o filme tem sido apontado como extremamente atraente tanto para crianças quanto para adultos, o que é um erro.

Coraline é uma menina que não está feliz com sua vida. Ela acabou de se mudar para um condomínio estranho, seus pais são escritores que trabalham muito e não lhe dão atenção e todo mundo vive trocando seu nome por Caroline. Quando a menina descobre uma passagem para outro mundo, sua existência ganha felicidade. Nesta outra realidade, sua mãe cozinha bem, seu pai lhe dá atenção e tudo parece ser melhor, exceto por um detalhe: todos possuem botões pregados no lugar dos olhos.

A técnica utilizada na animação é a de Stop Motion, vulgarmente conhecida como bonequinhos de massinha. Nesse quesito, o filme possui muitos méritos. O modelo de animação é muito bem utilizado e bem feito, demonstrando o conhecimento do diretor Henry Selick. Além disso, o desenho possui um senso estético de primeira qualidade, com cenas muito bonitas, a exemplo do jardim do outro mundo ou do trem de molho no jantar. Mas a mais bela e memorável de todas é a sequência de abertura.

A história é, no mínimo, diferente e interessante. Se pensarmos a fundo, há uma certa simbologia nas situações imaginadas por Gaiman e levadas à tela. Coraline não está contente com sua vida e prefere optar pelo caminho mais fácil da alienação, o outro mundo. Os botões no lugar dos olhos são uma ótima metáfora para a situação. A menina, no entanto, com auxílio de um guru espiritual, o gato, sempre presente na mística das literaturas, consegue vencer os problemas do outro mundo e salvar sua realidade. Desperta de seu sono alienante.

Porém, não podemos esquecer que a animação é feita para crianças (não tão pequenas, há certas passagens assustadoras para os pequeninos) e não para adultos. Existe uma certa aventura na história, mas não o suficiente para empolgar quem está acostumado a assistir as explosões de Hollywood ou os densos dramas para adultos. Acho que a supervalorização de alguns filmes infantis, tomados como um grande programa para adultos também, é superficial. A película pode até não chatear os pais, mas não chegará a ficar na memória.

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Crítica: FOI APENAS UM SONHO (2008)

E agora Frank?

E agora Frank?

Sam Mendes dirigiu Beleza Americana (1999), um dos melhores dramas urbanos já produzidos, sensível e crítico à vida em sociedade norte-americana. Agora, o diretor nos entrega uma obra nas mesmas linhas, sensível e crítica à vida familiar dos anos 1950. Foi Apenas um Sonho vai fundo na análise da suposta mediocridade da vida cotidiana, mas nos lembra de que, no fim das contas, um ideal de existência romântico pode ter fins nada agradáveis.

April (Kate Winslet) e Frank (Leonardo DiCaprio) se conhecem em uma noite dançante e, de repente, o filme salta para o futuro, quando os dois já estão casados e brigando muito. April já é mãe de dois filhos e não se contenta com a vida doméstica que leva. Frank não sabe direito o que quer da vida, só sabe que odeia seu trabalho. Aos poucos, percebemos que a monotonia de um cotidiano medíocre estende suas garras sobre a vida do casal, que protagoniza discussões épicas. Mas eles moram numa casa bonita.

Aliás, a passagem em que o casal está conhecendo a casa que viria a morar no futuro (o filme tem alguns poucos flash-backs) sintetiza todo o espírito de época. A década de 1950 é o pós-guerra da sociedade norte-americana, quando os Estados Unidos estão crescendo vertiginosamente e o “American Way Of Life” está nascendo. Se em Beleza Americana assistimos à crise deste modelo, Foi Apenas um Sonho nos mostra que ele já nasceu com problemas. A vizinha do casal, interpretada pela ótima Kathy Bates, uma de minhas atrizes preferidas, é a grande entusiasta desse modelo de vida.

Sam Mendes optou por um caminho mais seco, mas muito emocionante, na condução do longa. Não há muito tempo para romance ou para mostrar o começo da paixão do casal (já vimos isso em Titanic…). O tom áspero da crítica é o carro-chefe do filme durante todo o tempo. Os cenários e a caracterização de época são competentes e equilibrados, contrapondo-se a desarmonia da vida do casal, o que acentua ainda mais a vida de aparências e hipocrisias da sociedade. Assim, durante 119 minutos, somos apresentados a várias brigas, frustrações, desesperanças, falta de perpectivas, egoísmo e toda sorte de impropérios entre os pombinhos. Que brigas bem construídas!

Apesar de todo o sufoco de se viver em uma sociedade hipócrita, April e Frank exageram em seu ideal romântico de vida. Para ela, a possibilidade de uma vida boa está em outro lugar. Para ele o emprego é ruim, mas não faz nada para encontrar uma alternativa. Os filhos também não são um motivo de vida. Tudo é cinza, nada mais tem graça no mundo. April e Frank são românticos que se acham superiores à vida, que pensam que cada dia deve ser um espetáculo. Não passa por suas cabeças que o cotidiano possui sua mistura de emoção e mediocridade. April não aguenta, o fardo sobra para Frank. Tudo fora apenas um sonho vago e distante. A realidade acabou se impondo.

Um caso à parte no filme é Michael Shannon, indicado ao Oscar, que interpreta John Givings, um  neurótico que faz tratamento de choques. Seu personagem fala o que quer e acaba escancarando toda a mediocridade da vida para Frank e April. O grau de verdade que sai da boca de John chega a incomodar até a plateia, afinal, a verdade sempre dói, não é? Michael Shannon interpreta o personagem magistralmente e concorreu ao Oscar na mesma categoria de Heath Ledger. Eu logo imaginei uma conversa entre o Coringa e John Givings, seria uma pérola da filosofia moderna. Imaginem o John falando todas as verdades na cara do maníaco de Gotham City. Memorável!

Com apenas algumas falhas na apresentação dos personagens principais, o que prejudica a empatia inicial com o público, e alguns deslizes na condução do ritmo, que às vezes fica lento demais, Foi Apenas um Sonho se sobressai como um bom filme. Maduro e repleto de críticas e questionamentos, a película certamente encontrará eco nas emoções de quem a assiste, porque todos nós ainda vivemos em tempos vazios. Cinco décadas se passaram e o vazio continua entre nós. Colocar a culpa no “American Way of Life” já não cola mais, o mundo é mais complexo no século XXI. Quem sabe a atual crise mundial nos ensine alguma lição.

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Vencedores do Oscar 2009

Bem que podia ter dado empate...

Bem que podia ter dado empate...

Em minha cobertura ao vivo da cerimônia, já fiz comentários sobre os premiados nas deiversas categorias. Além disso, em várias outras postagens já tinha analisado vários aspectos dos indicados, por isso não vou fazê-lo mais uma vez por aqui.

Algumas considerações rápidas. A cerimônia deste ano foi muito boa. Os produtores acertaram no estilo conciso, nas apresentações musicais e nas várias inovações, como escalar um time de cinco antigos vencedores do Oscar para apresentar cada categoria de atuação. Foi muito legal mesmo.

Em relação aos premiados, não houve nenhuma grande surpresa. As duas únicas coisas que surpreenderam foi o filme japonês Departures levar a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro e Batman levar Edição de Som. Mas os prêmios foram merecidos. Tanto não houve surpresas que das 15 categorias que eu dei meus palpites, eu acertei…15!

Quem Quer Ser um Milionário? foi consagrado com oito estatuetas, além de todos os outros prêmios que abocanhou em todas as outras premiações. Esse  filme, o encontro de Hollywood e Bollywood, nesse sentido, é um fenômeno. Resta saber se é pra tanto mesmo.

Confira a lista completa dos vencedores:

Melhor filme
O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor atriz
Anne Hathaway (O Casamento de Rachel)
Angelina Jolie (A Troca)
Melissa Leo (Frozen River)
Meryl Streep (Dúvida)
Kate Winslet (O Leitor)

Melhor ator
Richard Jenkis (The Vistor)
Frank Langella (Frost/Nixon)
Sean Penn (Milk)
Brad Pitt (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Mickey Rourke (The Wrestler)

Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams (Dúvida)
Penelope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Viola Davis (Dúvida)
Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Marisa Tomei (The Wrestler)

Melhor ator coadjuvante
Robert Downey Jr. (Trovão Tropical)
Philip Seymour Hoffman (Dúvida)
Heath Ledger (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
Josh Brolin (Milk)
Michael Shannon (Foi Apenas um Sonho)

Melhor diretor
Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?)
Stephen Daldry (O Leitor)
David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Ron Howard (Frost/Nixon)
Gus Van Sant (Milk)

Melhor roteiro original
Frozen River
Simplesmente Feliz
Na Mira do Chefe
Milk
Wall-E

Melhor roteiro adaptado
O Curioso Caso de Benjamin Button
Dúvida
Frost/Nixon
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor trilha sonora original
Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button)
James Newton Howard (Defiance)
A. R. Rahman (Quem Quer Ser um Milionário?)
Danny Elfman (Milk)
Thomas Newman (Wall-E)

Melhor canção original
Down to Earth (Wall-E)
Jai Ho (Quem Quer Ser um Milionário?)
O Saya (Quem Quer Ser um Milionário?)

Melhor filme estrangeiro
Der Baader Meinhof Komplex, de Uli Edel (Alemanha)
Waltz With Bashir, de Ari Folman (Israel)
The Class, Laurent Cantet (França)
Departures, Yojiro Takita (Japão)
Revanche, de Gotz Spielmann (Áustria)

Melhor animação
Bolt – Supercão
Kung Fu Panda
Wall-E


Melhor documentário

The Betrayal (Nerakhoon), de Ellen Kuras e Thavisouk Phrasavath
Encounters at the End of the World, de Werner Herzog e Henry Kaiser
The Garden, de Scott Hamilton Kennedy
Man on Wire, de James Marsh e Simon Chinn
Trouble the Water de Tia Lessin e Carl Deal

Melhor curta de animação

La Maison en Petits Cubes, de Kunio Kato
Lavatory – Lovestory, de Konstantin Bronzit
Oktapodi, de Emud Mokhberi e Thierry Marchand
Presto, de Doug Sweetland
This Way Up, de Alan Smith e Adam Foulkes

Melhor documentário em curta-metragem
The Conscience of Nhem En
The Final Inch
Smile Pinki
The Witness – From the Balcony of Room 306

Melhor curta-metragem
Auf der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig
Spielzeugland (Toyland)

Melhor direção de arte
A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman – O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

Melhor fotografia
A Troca (Tom Stern)
O Curioso Caso de Benjamin Button (Claudio Miranda)
Batman – O Cavaleiro das Trevas (Wally Pfister)
O Leitor (Chris Menges and Roger Deakins)
Quem Quer Ser um Milionário? (Anthony Dod Mantle)

Melhor edição
O Curioso Caso de Benjamin Button (Kirk Baxter e Angus Wall)
Batman – O Cavaleiro das Trevas (Lee Smith)
Frost/Nixon (Mike Hill and e Hanley)
Milk (Elliot Graham)
Quem Quer Ser um Milionário? (Chris Dickens)

Melhor mixagem de som
O Curioso Caso de Benjamin Button (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Mark Weingarten)
Batman – O Cavaleiro das Trevas (Lora Hirschberg, Gary Rizzo e Ed Novick)
Quem Quer Ser um Milionário? (Ian Tapp, Richard Pryke e Resul Pookutty)
Wall-E (Tom Myers, Michael Semanick e Ben Burtt)
O Procurado (Chris Jenkins, Frank A. Montaño e Petr Forejt)

Melhor edição de som
Batman – O Cavaleiro das Trevas (Richard King)
Homem de Ferro (Frank Eulner e Christopher Boyes)
Quem Quer Ser um Milionário? (Tom Sayers)
Wall-E (Ben Burtt e Matthew Wood)
O Procurado (Wylie Stateman)

Melhores efeitos especiais
O Curioso Caso de Benjamin Button (Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton e Craig Barron)
Batman – O Cavaleiro das Trevas, (Nick Davis, Chris Corbould, Tim Webber e Paul Franklin)
Homem de Ferro (John Nelson, Ben Snow, Dan Sudick e Shane Mahan)

Melhor maquiagem
O Curioso Caso de Benjamin Button (Greg Cannom)
Batman – O Cavaleiro das Trevas, (John Caglione, Jr. e Conor O’Sullivan)
Hellboy II (Mike Elizalde e Thom Floutz)

Melhor figurino
Austrália (Catherine Martin)
O Curioso Caso de Benjamin Button (Jacqueline West)
A Duquesa (Michael O’Connor)
Milk (Danny Glicker)
Foi Apenas um Sonho (Albert Wolsky)

Bons filmes!

PS.: Roubei a imagem da minha amiga Die, outra grande fã da Meryl Streep. Obrigado Die!

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Cobertura ao vivo do Oscar 2009

A Cerimômia

Logo começarei

Hugh Jackman apresentou uma música que faz trocadilhos entre os filmes indicados ao prêmio maior e a crise econômica mundial, parodiando uma música do Musical Miss Saigon. Vários atores são apresentados, como Kate Winslet, Meryl Streep, Robert Downey Jr, etc.

Penelope Cruz levou Melhor Atriz Coadjuvante numa das mais incertas e divididas categorias. Mas foi merecido, como já comentei nos meus palpites.

PENELOPE CRUZ

Tina Fey e Steve Martin apresentaram as categorias de melhor roteiro de forma brilhante e engraçadíssima, fazendo piadas sobre o ato de escrever e sobre religião.

Milk levou o Oscar de Melhor Roteiro Original, conforme eu já previra.

Quem Quer Ser um Milionário? levou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, primeira vitória da noite que promete muito para esse filme.

Jack Black e Jenifer Aniston apresentam um clip com várias animações do ano de 2008.

Wall-E levou o Oscar de Melhor Animação, merecidíssimo. Uma animação muito sensível, inteligente e tecnicamente perfeita.

La maison en petits cubes levou o Oscar de Melhor Curta de Animação. Categoria dificil para os brasileiros comentarem, as películas quase não chegam aqui.

Daniel Craig e Sara Jessica Parker apresentam as categorias de Direção de Arte, Figurino e Maquiagem. Até agora, apesar das várias situações cômicas, deu para perceber que a cerimônia está mais madura e mais séria.

O Curioso Caso de Benjamin Button levou o Oscar de Direção de Arte. Prêmio merecido, o filme tem um senso técnico e estético invejável e trabalha muito bem os cenários de várias épocas, além da maquiagem e dos efeitos especiais.

A Duquesa ficou com o prêmio de Figurino, prêmio merecido e previsível de acordo com as tendências de anos passados do Oscar.

Benjamin Button levou mais um Oscar, dessa vez de Maquiagem. Prêmio merecido, o envelhecimento dos atores é uma obra de arte, apesar de o filme se valer muito de efeitos especiais na composição dos personagens.

Amanda Seydried e Robert Pattison apresentam um clip com vários filmes românticos de 2008.

Natalie Portman e Ben Stiller, usando uma barba enorme, apresentam o prêmio de fotografia.

Quem Quer Ser um Milionário? levou mais um, dessa vez de Fotografia. Essa noite promete cumprir as expectativas ao redor do filme…

Jessica Biel congratula os grandes vencedores dos prêmios tecnico-científicos da Academia, que agraciou os inventores de tecnologias utilizadas pela maioria das animações atuais.

Foi apresentado um clip com várias comédias do ano de 2008.

O curta alemão Toyland levou o Oscar de Melhor Curta.

Hugh Jackman apresentou um número musical ao lado de Beyoncé que foi maravilhoso. Eles misturaram várias canções de músicais famosos em uma coreografia muito legal. Grease, Chicago, Hairspray, Cantando na Chuva, High School Musical, Mamma Mia, Top Cat, Magico de Oz foram os que consegui identificar. Foi lindo. Amanda Seyfried, Dominic Cooper, Vanessa Hudgens e Az Effron também participaram.

HUGH JACKMAN E BEYONCÉ

Heath Ledger ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Alguém tinha dúvida?

Man on Wire levou o Oscar de Melhor Documentário. O filme trata sobre um francês que é equilibrista de corda bamba.

Smile Pinki ganhou o Oscar de Melhor Documentário em curta-metragem. Filme indiano, será que nos diz alguma coisa?

Mais um Oscar para O Curioso Caso de Benjamin Button, dessa vez por Efeitos Especiais. Merecido, efeitos sutis mas brilhantes.

BENJAMIN BUTTON

Até agora não houve nenhuma surpresa na premiação! Tudo previsível em relação aos premiados.

Batman – O Cavaleiro das Trevas levou o Oscar de Melhor Edição de Som, contrariando o prêmio do sindicato que havia premiado Milionário. Será que pode ser considerado a primeira surpresa da noite?

Quem Quer Ser um Milionário? ganhou o Oscar de Melhor Mixagem de Som.

Quem Quer Ser um Milionário? ganha mais um Oscar, dessa vez de Melhor Montagem. O filme se utiliza de várias idas e voltas no tempo, o que o favorece. Essa categoria é muito importante, porque praticamente consolida Milionário como o grande vencedor da noite.

O comediante Jerry Lewis foi homenageado com o prêmio Jean Hersholt por seu trabalho humanitário.

Apresentaram um apanhado das trilhas sonoras orquestradas dos indicados e uma versão reduzida de cada canção indicada.

Quem Quer Ser um Milionário? levando tudo… Ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora.

“Jai Ho” levou o Oscar de Melhor Canção Original por Quem Quer Ser um Milionário?

Departures, do Japão, levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Segunda surpresa da noite, pensavam que Valsa com Bashir iria levar a estatueta para casa.

Queen Latifa cantou durante o In Memoriam, que homenageia todos aqueles que morreram no ano passado e eram ligados ao mundo cinematográfico.

Danny Boyle levou o Oscar de Melhor Diretor. Agora não há mais dúvidas sobre o prêmio de Melhor Filme.

Kate Winslet levou o demorado e merecido Oscar de Melhor Atriz, mas Meryl Streep merecia tanto quanto. Melhor que desse empate.

KATE WINSLET

Sean Penn, conforme previmos, levou merecidamente o Oscar de Melhor Ator.

Quem Quer Ser um Milionário? fechou a noite como Melhor Filme, levando oito Oscar. Será que merece tudo isso? Ainda não posso responder a essa pergunta.

Obrigado, boa noite e bons filmes!

Danny Boyle, o grande vencedor da noite

Danny Boyle, o grande vencedor da noite

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Cobertura ao vivo do Oscar 2009

Tapete Vermelho

Em poucos minutos a cerimônia terá início. Durante os intervalos, acompanhe a lista dos vencedores COMENTADA! Fiquem atentos.

Encerro a cobertura do tapete vermelho.

22h26 – Passando uma matéria sobre a construção do Teatro Kodak, a preparação das cerimônias

22h23 – Richard Jenkins, de O Visitante, entrevistado. Jack Black está sendo entrevistado junto da esposa

22h21 – Meryl Streep entrevistada junto com sua filha Louisa

Passando vários comerciais de filmes, passou Ela é o Diabo, com Meryl Streep.

22h16 – Anne Hathaway entrevistada. Vista de dentro do teatro Kodak, falta pouco para a cerimônia começar

22h15 – Viola Davis falando mais de Meryl Streep

Logo, logo cobertura comentada dos vencedores.

22h14 – Zac Effron e Vanessa Hudgens, de High School Musical, entrevistados. Robert Downey Jr. está sendo entrevistado

22h12 – Mickey Rourke entrevistado mais uma vez

22h11 – Toda a equipe de Milionário sendo entrevistada junta. Trouxeram várias crianças para mostrar que o boato de que elas eram mal-tratadas era mentira.

22h10 – E! apresentou uma retrospectiva dos vestidos de Valentino nas festas do Oscar. Entrevista com Valentino

22h06 – Angelina Jolie e Brad Pitt entrevistados juntos

22h05 – Frank Langella falando sobre Frost/Nixon, com sua filha

22h03 – Mais entrevistas com Amy Adams e Sarah Jessica Parker.

21h58 – Brad Pitt sendo entrevistado. Robert Downey Jr., de Homem de Ferro e Trovão Tropical sendo entrevistado.

21h55 – Quase encerrando o tapete vermelho.  Logo às 22h30 a cerimônia começa e a cobertura continua durante os intervalos. Lista dos vencedores comentada!

21h53 – A maioria da audiência acha que Milionário vai ganhar o Oscar

21h51 – Tilda Swinton chegando. kate Winslet sendo entrevistada, está nervosa, falando sobre todas as vezes que foi indicada e não ganhou, falando sobre a família, sobre como prepara os discursos ou fala de improviso.

Intervalo no E! Logo logo começará a premiação, a cobertura continuará durante os intervalos. As crianças do elenco de Milionário estão histéricas de felicidade por estarem no Oscar.

21h47 – TNT entrevistando Danny Boyle, diretor de Milionário

21h44 – Kate Winslet e Daniel Craig chegando. Marion Cotillard falando da atuação de Penelope Cruz

21h42 – Penelope Cruz sendo entrevistada, falando da direção de Woody Allen em Vicky Cristina Barcelona

TNT passando o trailer de Dúvida, um bom filme, confira a crítica mais abaixo neste mesmo blog.

TNT está fazendo uma matéria sobre os atores que interpretaram o Coringa, especialmente Heath Ledger. A partir das 22h00, quando a premiação começar, a cobertura será feita nos intervalos. Fiquem atentos!

21h38 -Vista aérea do tapete vermelho, está muito lotado. Brad Pitt e Angelina Jolie juntos no tapete vermelho.

21h36 – Marrion Cotillard, de Piaf, está chegando. Evan Rachel Woods entrevistada

21h35 – Meryl Streep chegando

21h34 – Ron Howard, diretor de Frost/Nixon, está sendo entrevistado

21h31 – TNT está apresetando  uma matéria sobre  O Lutador. Jessica Biel está chegando. Evan Rachel Woods chegando.

21h30 – Queen Latifa chegando, ela apresentará um quadro esta noite. Entrevistando Diane Lane

21h28 – Mickey Rourke sendo estrevistado. Um dos favoritos da noite. Comentando que não tem discurso pronto, elogiando o concorrente Sean Penn.

21h27 – Beyoncé chegando

A TNT está comparando os vestidos do ano passado com os deste ano

O E! está fazendo um apanhado dos momentos “fashion” do tapete vermelho até agora

21h20 – Ron Howard, de Frost/Nixon, chegando

21h19 – Robert Downey Jr. e Marisa Tomei chegando

21h18 – Sara Jessica Parker sendo entrevistada, falando sobre o vestido

21h17 – Robert Pattison, de Crepúsculo, sendo entrevistado. Ele apresentará um número na cerimônia do Oscar.

A partur das 22h00, quando a premiação começar, a cobertura se dará durante os intervalos.

21h15 – Amy Adams, de Dúvida, sendo entrevistada. Anne Hathaway chegando

21h13 – Amanda Seyfried, de Mamma Mia! sendo entrevistada, falando de seu trabalho com Megan Fox e com a roteirista Diablo Cody

21h12 – Sarah Jessica Parker chegando

21h11 – Mickey Rourke chegando

21h09 – Michael Sheen, de Frost/Nixon, entrevistado, falando sobre as dificuldades de se interpretar alguém que realmente existiu

21h08 – Acabou de passar uma matéria especial sobre Quem Quer Ser um Milionário? na TNT

Começarei a cobertura pela TNT também

21h01 – Taraji P. Henson entrevistada

21h00 – Falando sobre Moda

20h58 – Viola Davis entrevistada, elogiando Meryl Streep, falando sobre o filme e as dúvidas acerca de sua personagem e seu filho em Dúvida, elogiando o roteiro.

20h56 – Danny Boyle, diretor de Milionário, entrevistado, contando como o ator do filme foi indicado por sua filha

20h55 – Melissa Leo entrevistada

20h54 – Viola Davis e Taraji P. Henson juntas no tapete vermelho

20h53 – O casal principal de Milionário nega ter um romance

20h49 – Entrevista com mais atores de Quem Quer Ser um Milionário?

20h47 – Kate Winslet é considerada a favorita da noite pelos telespectadores

20h45 – O Elenco infantil de Quem Quer Ser um Milionário? está chegando.

20h25 – Daqui a pouco daremos início à cobertura (quase) ao vivo da premiação do Oscar 2009. Esperem por atualizações desde o tapete vermelho!

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Oscar 2009: Palpites

Será que dessa vez vai?

Será que dessa vez vai?

Hoje à noite acontece o evento mais famoso do mundo cinematográfico. A festa de entrega do Oscar, pela qual os cinéfilos de todo o mundo esperam ansiosamente. Durante a cerimônia, farei a cobertura em tempo real da premiação. Assim que entrarem os comerciais, posto aqui os vencedores das respectivas categorias. Pela manhã de segunda-feira, já estará disponível neste mesmo blog uma postagem mais detalhada sobre a entrega das estatuetas douradas. Resolvi fazer essa cobertura porque, afinal, a cerimônia não será transmitida pela TV aberta esse ano. Por hora, deixo meus palpites sobre os possíveis vencedores desta noite nas principais categorias.

Melhor ator: Sean Penn, mas Mickey Rourke pode levar

Melhor ator coadjuvante: Heath Ledger, alguém tem dúvida?

Melhor atriz: Kate Winslet, mas Meryl Streep também merece

Melhor atriz coadjvante: categoria bem disputada, aposto em Penelope Cruz sem certezas

Melhor animação: Wall-E

Direção de Arte: O Curioso Caso de Benjamin Button, mas Batman e A Duquesa estão no páreo

Fotografia: Benjamin Button poderia levar, mas acho que o prêmio fica com Quem Quer Ser um Milionário?

Figurino: A Duquesa, seguindo a linha de premiações anteriores

Direção: Danny Boyle, por Quem Quer Ser um Milionário?, mas David Fincher pode ser o azarão

Maquiagem: categoria balanceada, penso que fica com O Curioso Caso de Benjamin Button

Montagem: Quem Quer Ser um Milionário?

Efeitos Visuais: O Curioso Caso de Benjamin Button

Roteiro Adaptado: Quem Quer Ser um Milionário?

Roteiro Original: Milk

Melhor Filme: Quem Quer Ser um Milionário?

Até mais tarde!

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Crítica: DÚVIDA (2008)

Precisa falar alguma coisa?

Precisa falar alguma coisa?

O diretor de Dúvida, John Patrick Shanley, ficou 18 anos afastado das telas de cinema desde seu último trabalho Joe Contra o Vulcão (1990). Em 2008, Adaptando o filme de  seu próprio trabalho no teatro, o diretor nos traz uma história densa e poderosa, que certamente tocará fundo aqueles que sentirem as indagações de seu trabalho. Com um elenco formidável, inteiramente indicado ao Oscar, a película se sustenta por suas atuações e pelo poder do roteiro, mas peca na condução da narrativa.

Na década de 1960, os ares de mudanças nas sociedades norte-americana e mundial já davam sinais de crescimento. Os ventos da modernidade se tornavam cada vez mais poderosos, incomodando o conservadorismo da Irmã Aloysius (Meryl Streep), numa das metáforas mais belas do filme. Nesse contexto, uma escola religiosa é palco do enfrentamento entre o progressista Padre Flynn (Philip Seymor Hoffman) e da conservadora Irma diretora da escola, que suspeita que o sacerdote mantenha relações impróprias com o primeiro estudante negro da escola, Donald Miller (Joseph Foster). No meio do turbilhão de acontecimentos, está a jovem e inocente Irmã James (Amy Adams) que, sem perceber, alimenta as suspeitas de sua superiora.

Dúvida é um filme intenso e controverso, a começar por seu título auto-explicativo. Tudo na tela e no roteiro é construído para criar dúvidas. A filmagem é ambígua, o clima é frio e distante, os ambientes são recriados com maestria de época e com um sentimento de… dúvida! Aliás, o filme parece ser de uma outra época, provavelmente pelo tempo que o diretor ficou parado em sua carreira. A sensação de que há alguém observando tudo a todo momento está sempre presente, talvez a mão de que fala Padre Flynn em um dos seus sermões. Cada personagem revela, aos poucos, informações que podem alimentar um ou outro lado das suspeitas. Assim, do começo ao fim, o filme é construído não para apresentar soluções, mas dúvidas, forçando a audiência a construir sua própria imagem do duelo entre Flynn e Aloysius. Alguns adoram esse tipo de abordagem, outros a abominam, e aí residem as controvérsias a respeito desse trabalho de John Patrick Shanley.

Além da dúvida, há vários outros temas sobre os quais o filme versa. Há o constante duelo entro o novo e o velho na década de 1960, que atingirá seu ápice em 1968, o ano que não acabou. É nessa época que o movimento negro começa a ganhar mais força, que Martin Luther King se torna um ícone mundial e que a escola aceita Donald Miller como seu primeiro estudante negro. A pedofilia é, logicamente, outro tema para se pensar. Seria Padre Flynn apenas um ser com muita compaixão e inocente das acusações? Ou estaria o sacerdote se fazendo de acolhedor para seduzir o estudante? Há dúvidas. E quanto às insinuações da mãe do garoto sobre homossexualidade? Será que isso realmente diminuiria o problema da suposta relação de pedofilia? De qualquer forma, a mãe tenta apaziguar sua consciência como pode.

Só não há dúvidas sobre o poder das interpretações, que são o carro-chefe do filme. Amy Adams, indicada ao Oscar de Melhor atriz Coadjuvante, faz um grande trabalho na composição da inocente Irmã James, que ganha mais consistência ao longo da película. Viola Davis, também indicada pela mesma categoria, interpreta magistralmente a mãe de Donald Miller e compõe uma das cenas mais emocionantes e inquietantes do filme.

Meryl Streep e Philip Seymor Hoffman travam um duelo interpretativo que há muito não se via. Com a ajuda de um roteiro bem escrito, cada fala de seus diálogos faz tremer a realidade a suas voltas. A cada segundo de filme, ambos se superam na composição das cenas mais poderosas da película, chegando a transbordar da tela. Hoffman encontra o tom perfeito para dar a seu personagem o caráter ambiguo de que necessita, além de compor com competência as cenas que exigem uma forte carga dramática. Streep conseguiu denovo. Sua 15ª indicação ao Oscar é inquestionável e totalmente merecedora do prêmio maior. A atriz compõe um verdadeiro abutre que é sua personagem, mas sem cair em maniqueísmos, consegue humanizar Irmã Aloysius.

Mas e aí? Se você pensa que um filme pode se sustentar por grandes diálogos, um roteiro competente, atuações muito acima da média e reflexões diversas, certamente gostará de Dúvida. Mas se você acha que tão importante quanto uma história é a forma como ela é contada, sairá dos cinemas um pouco desapontado, porque esse é o principal problema do filme. Fora as grandes discussões, não há clímax no roteiro, passando aquela impressão de que o filme é parado demais, de que ele roda, roda, roda e não sai do lugar. A falta de experiência e de inovação de John Patrick Shanley no cinema cria a impressão de um filme que só serve de palco para grandes atores, não se destacando como um bom filme em si (leia aqui um texto sobre direção e roteiro). Dessa forma, dependendo de quem assistir ao filme, poderá ter uma epifania ou uma desapontamento. Mas há dúvidas sobre isso também.

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Crítica: A TROCA (2008)

"Será que é meu filho?" Será que é um bom filme?

"Será que é meu filho?" Será que é um bom filme?

Conheci o trabalho do diretor Clint Eastwood através do maravilhoso As Pontes de Madison, um de seus filmes mais sensíveis e intimistas. Em A Troca, o diretor não espera lágrimas da plateia,  mas indignação e revolta. Assistimos a uma efusão de sentimentos que vão desde a pena até a raiva, da compaixão por Christine Collins até o ódio às instituições. Dirigida pelo talentoso Clint, Angelina Jolie dá vida a essa história real, em um papel moldado para o Oscar. Pena que a condução do filme não alcança grandes resultados.

Christine Collins é mãe solteira em plena década de 1920, quando a revolução feminista ainda estava em sua fase embrionária. Um dia, Christine precisa trabalhar até mais tarde e, ao chegar em casa, não encontra seu filho, Walter. Depois de meses do desaparecimento, a polícia de Los Angeles encontra o menino e o devolve a sua mãe. Só há dois problemas: quase toda a instituição policial é corrupta e a criança devolvida à Christine não é seu filho. Nesse ponto, a mãe começa uma jornada contra o polícia para comprovar que não lhe devolveram seu menino, mas alguma outra criança.

Na primeira metade da película, assistimos a uma mulher submissa a seu tempo tentando comprovar o erro da polícia. Christine chora, grita e encarna o esteriótipo da mulher histérica, numa clara jogada para que o papel pudesse alcançar uma densidade dramática digna de premiações. Angelina Jolie cumpre esse seu papel com maestria, carregando essa parte da trama. Nessa etapa, somos apresentados a toda sorte de cinismo e má-fé das instituições públicas, que insistem em dizer que a criança devolvida é o filho de Christine enquanto a mãe nega o fato com todas as suas forças. Há o tamanho absurdo de um médico insinuar que a protagonista não sabia mais ser mãe, em uma das cenas mais  irritantes (mas também manjada) de A Troca. Quando a teimosia de Christie começa a incomodar demais, ela é jogada em um sanatório, onde descobre várias outras mulheres internadas apenas por serem “problemas” para as forças policiais.

A um primeiro olhar, podemos notar um extremo machismo nas instituições da época, que a todo custo tentavam subjulgar as mulheres. Porém, indo mais fundo, na linha de pensamento de Foucault (sugiro a leitura de “Vigiar e Punir” e “A História da Loucura”), percebemos que o filme denuncia o autoritarismo e a arbitrariedade do Estado frente aos cidadãos. A polícia corrupta funciona como um organismo que tenta se manter a todo custo, utilizando-se de seu poder para manter as coisas exatamente como estão. E aí, aflito leitor, você não tem a impressão de conviver com essa realidade?

Da metade para o final, o filme muda de abordagem. Uma trama paralela começa a mostrar a investigação de um assassino de crianças (o que pode explicar muitas questões…) e Christine, durante sua estada no sanatório, transforma-se em uma batalhadora que para de chorar e resolve ir às forras. Com a ajuda do reverendo Gustav Briegleb (o ótimo John Malkovich), a mãe denuncia os abusos à mídia e à justiça, iniciando a caça às bruxas das instituições corrompidas. Nesse ponto, o filme poderia ser fechado com chave de ouro, uma vez que já havia uma explicação plausível para o desaparecimento de Walter e a justiça já agia contra os malfeitores da história. Porém, na ânsia de emocionar a audiência com as situações vividas por Jolie, Clint Eastwood alonga o filme em pelo menos meia hora quase vazia de sentimentos autênticos. O tiro sai pela culatra.

De resto, o resultado é agradável. A caracterização de época é fiel e bem feita, a trilha sonora consegue fazer par com as situações propostas pelo filme e a fotografia é bem realista, mas um tanto escura, bem ao estilo dos filmes do diretor.

Assim, A Troca pode servir como um ótimo elemento reflexivo, mas não como um drama autêntico. Angelina Jolie convence no papel de Christine, que é explorado com exagero pela direção, na tentativa de tocar a pelateia com todas as emoções possíveis. Longo demais e com um trabalho não mais que mediano na montagem, o filme não consegue manter seu ritmo até o final e entrelaçar as duas tramas paralelas. O resultado sai mecânico demais. Gostei, mas não amei.



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Os vencedores do BAFTA 2009

BAFTA

Voltando de São Paulo, essas semanas ainda estão meio corridas para mim. Peço aos leitores deste blog, que está crescendo cada vez mais, que perdoem as atualizações às pressas nessas duas semanas. Vou tentar normalizar tudo até março. E o melhor de tudo: morando em São Paulo, as opções em relação a cinema tornam-se muito maiores, o que certamente vai ampliar a qualidade deste bloguinho aqui!

Por enquanto, os vencedores do BAFTA (O Oscar inglês) de 2009:

Melhor Filme
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Filme Britânico
Man on Wire

Melhor Diretor
Danny Boyle, por Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Roteiro Original
In Bruges, escrito por Martin McDonagh

Melhor Roteiro Adaptado
Quem Quer Ser um Milionário?, escrito por Simon Beaufoy

Melhor Ator
Mickey Rourke, por O Lutador

Melhor Atriz
Kate Winslet, por O Leitor

Melhor Ator Coadjuvante
Heath Ledger, por Batman – O Cavaleiro das Trevas

Melhor Atriz Coadjuvante
Penelope Cruz, por Vicky Cristina Barcelona

Melhor Trilha Sonora
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Fotografia
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Edição
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Design de Produção
O Curioso Caso de Benjamin Button

Melhor Figurino
A Duquesa

Melhor Som
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhores Efeitos Especiais
O Curioso Caso de Benjamin Button

Melhor Maquiagem e Cabelo
O Curioso Caso de Benjamin Button

Melhor Filme de Língua Não Inglesa
Ive Loved You So Long

Melhor Animação
Wall-E

Melhor Curta de Animação
Wallace and Gromit: A Matter of Loaf and Death

Melhor Curta-Metragem
September

Prêmio Carl Foreman (para diretores, roteiristas ou produtores britânicos estreantes)
Steve McQueen, diretor e roteirista de Hunger

Prêmio Orange Rising Star (votado pelo público)
Noel Clarke

Postagem feita às pressas, você pode conferir o resultado original aqui.

Bons filmes!

KATE WINSLET

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