Oficialmente, a Mostra Internacional já foi encerrada, restando apenas mais uma semana de repescagem, na qual podemos assistir a mais alguns filmes que tenhamos perdido. Infelizmente, com o final do semestre se aproximando, fica dificil continuar acompanhando a Mostra por mais uma semana. Vou apenas comentar o restante dos filmes a que assisti e ainda não postei comentários.
Singularidades de uma Rapariga Loura, do cineasta Manoel de Oliveira (101 anos de idade e energia!), peca em alguns aspectos cruciais, a começar pelo ritmo lento demais da película e pelo enfoque narrativo. Ainda assim, especialmente para quem se delicia com literatura portuguesa, o filme é uma boa pedida. Baseado em um conto de Eça de Queirós, o lúcido realista português, Singularidades vai fundo não apenas na crítica social, mas na análise minuciosa da ética pequeno-burguesa, cheia de contradições e de sombras perversas. Todos os elementos esperados estão por ali: o protagonista fraco, o idoso autoritário, as insinuações de homossexualidade reprimida, a vigilância da intimidade, os pudores demasiados. Ah, aquela janela e suas cortinas…
Já O Dia da Transa (Humpday) é uma comédia inteligentíssima, sincera e sensível. Ouvi comentários de que o filme é engraçado, mas não passa de uma nuvem, pois não ficará nas memórias. O ponto é que talvez ele nem isso pretenda. O tom do longa é a despretensão e é daí que nascem as grandes comédias. Dois amigos de época de faculdade se reencontram após muitos anos em que suas vidas tomaram rumos completamente opostos. Um se casou e estruturou a vida e o outro continua na onda de nerd cult bon vivant. Graças a um festival de pornô amador, os dois amigos resolvem gravar um filme pornô homossexual no qual ambos serão os protagonistas! Atuações afiadas, situações inteligentes, diálogos bem escritos, sentimentos verdadeiros, singeleza pura. E muita risada! Alguém quer mais alguma coisa?
Até mais!